Como aplicar a melhoria contínua num laboratório
Antes de começar com a melhoria contínua, primeiro é necessário identificar os desperdícios dentro do laboratório ou aqueles que possam existir na área produtiva. Para isso, é necessário mudar a perspetiva de como vês os fluxos dos processos operativos para poder identificar os desperdícios.
No entanto, antes de identificar os desperdícios, deves distinguir o significado do oposto a um desperdício: o que é o valor acrescentado?
Do ponto de vista do Lean Lab, o valor acrescentado é aquilo que faz avançar a amostra ou a prestação do serviço em direção ao seu resultado final (com as características que o cliente exige).
Portanto, desperdício é tudo aquilo que não adiciona valor, ou seja, não adiciona nenhuma funcionalidade ao resultado ou serviço que o cliente comprou. Ou dito de outra forma, é todo aquele recurso que utilizamos para além do estritamente necessário para obter os resultados pelos quais o cliente paga.
Então… como aplicar a melhoria contínua num laboratório?
Onde não há um processo produtivo como a fabricação de um produto ou uma linha de montagem, será que é possível identificar os desperdícios? A resposta é afirmativa e, seguindo o acrónimo DOWNTIME (tempo de inatividade), vamos descrevê-los:
Os 8 desperdícios nos laboratórios
- Defeitos (Defects). Produtos/serviços com defeitos provocam tarefas de correção ou retrabalho que consomem materiais, mão de obra para processar ou atender queixas.
- Sobreprodução (Overproduction). Fazer trabalhos extra nos produtos ou adicionar resultados adicionais não solicitados pelos clientes. Isto provoca a utilização de recursos que são necessários para outros fins, implicando mais materiais, mão de obra, tempo, despesas financeiras e espaço de armazenamento.
- Tempo de espera (Waiting). Processos estagnados ou inativos. A espera é o tempo, durante a realização do processo produtivo, em que não se adiciona valor. As causas podem ser pessoas ou instrumentos à espera que outro instrumento termine, quebra de stock, tempo de validação de lotes, inspeção de qualidade, diferentes velocidades de processos (gargalos).
- Transporte (Transport). O transporte de materiais ou documentos não adiciona valor ao produto ou serviço e, além disso, consome recursos de mão de obra, materiais e espaço.
- Inventário (Inventory). Ter um stock elevado de matéria-prima ou stock elevado intermediário provoca a necessidade de mais espaço para armazenar, aumento de custos de manipulação desnecessários e oculta deficiências nos processos. Por outro lado, pode haver caducidade de produtos e danos pela excessiva manipulação.
- Movimentos desnecessários (Motion). Este desperdício aparece quando as pessoas ou equipamentos se deslocam para realizar o processo. Pessoas a subir, descer, procurar instrumentos, reagentes, ferramentas ou documentos. Nenhuma destas ações adiciona valor ao produto ou serviço.
- Retrabalho (Extra processing). Retificações de produtos com defeitos ou documentos não corretamente preenchidos que provocam erros e insatisfação do cliente.
- Não aproveitamento do talento humano (Non-utilized talent). Se não se aproveitam as diferentes capacidades das pessoas, ou a sua experiência, se não recebem a formação adequada ou a comunicação é deficiente, dificilmente a empresa poderá ser mais eficiente.